terça-feira, 23 de novembro de 2010

Estrutura e conjuntura social: Um problema para a modernidade brasileira

O Brasil foi constituido por relações pessoais de muita proximidade onde o status de classe chega a enganar parecendo por vezes simétrico fazendo perder totalmente de vista a essência de formação da estrutura social.O modelo positivista no Brasil falhou principalmente por causa disso; por mais que se tentasse montar uma diferenciação entre o público e o privado, o insistente aparelhamento do estado brasileiro e a ideia de que ele é que acabaria com os problemas sociais existentes causaram essa confusão e sempre que preciso os governantes o utilizavam para tal fim.A burocracia não conseguiu entrar no Brasil.

À partir de um estudo sociológico que Luiz de Aguiar da Costa Pinto fez no Recôncavo baiano onde foi instalada a primeira plataforma de extração de petróleo em 1950 podemos fazer uma macro uma análise comparativa com os demais estados brasileiros que também se utilizaram dessas grandes obras para constituir uma modernização política .Nesse estudo Costa Pinto vai analisar a grande mudança que ocorria na região por conta dos investimentos da empresa petrolífera .Havia ali uma grande modernização porém segundo ele a estrutura social não se movia.A modernização e os avanços nas áreas de bem-estar e construção civil são sempre inevitáveis, o que o estado faz é acelerá-los.No Brasil a modernização econômica não consegue modernizar a estrutura social. Isso explica os grandes esquemas de corrupção no país ; todos vêem no estado a possibilidade de sanar demandas de grupos ou de classe.

A composição altamente complexa dessa sociedade traz cada vez mais dificuldades e entraves a modernização política.Em 2008 trabalhei na Secretaria Municipal de Cultura de Italva(minha cidade natal) como chefe setor onde por vezes eu via votos serem trocados por tambores para o carnaval, por pequenas doações de livros e o crescente aparelhamento da prefeitura onde me retirei por não querer compactuar com tais coisas.O carnaval só acontece se a prefeitura ajudar, obras inadequadas são feitas e trazem mais uma vez a mesma idéia que Costa Pinto viu em 1950, a falsa idéia de progresso, mas o pensamento estrutural de ganhar algo com ajuda do estado é sim ainda o maior entrave.Campos também é uma prova do conservadorismo que toma sempre a prefeitura na intenção de preservar um status de classe. Concentra-se nas classes maiores o poder sempre utilizando o estado para conseguir tal façanha e como no pensamento social tem-se a idéia de que eles querem a “modernização” tudo é aceito de forma tranqüila, o que faz com que a cidade tenha que ter sempre novas eleições antes do tempo certo.

Todos os estratos sociais tem essa idéia de mitigação dos problemas à partir do estado(quando são também considerados, já que em Campos por muito tempo as diferenças eram consideradas normais,[você sabe com quem está falando?]).Se o estado foi quem admitiu a escravidão, os problemas de classe , os problemas de gênero ,entre outros por tanto tempo, imagina-se que ele vai ser a eterna ferramenta para acabar com tais coisas.Os fins estão justificados pelos meios. E com isso são criadas secretarias, ministérios e tipos de serviços mais variados para que o estado possa absorver esses problemas.As elites locais se sentem nesse direito, o estado serve para “melhorar” a vida dos mais “necessitados”, e é aí que o patrimônio público se mistura ao privado.

A necessidade de modificar a sociedade alavancando o bem-estar social é importante, mas enquanto o Leviatã brasileiro não sair de cena, as estruturas sociais vão ser cada vez mais deficientes e problemáticas.A mudança estrutural é fundamental para que possamos “não ser mais os mesmos e continuarmos vivendo como nossos pais”.

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