sábado, 6 de novembro de 2010

No pensamento social brasileiro talvez uma assinatura não resolva muito...

Quando a princesa Isabel assina a lei Áurea em 13 de maio de 1888, a comemoração por um fato histórico era bastante intensa. A libertação que se tinha dos pelourinhos , dos capitães-do-mato e dos senhores era motivo para se poder ter uma grande esperança em um futuro muito melhor. Em Santo Amaro na praça do mercado era de grande celebração e também em tantos outros locais do país. Logicamente os setores conservadores não ficavam contentes com a nova lei mas já tinha sido sancionada. E o Brasil era o último páis do mundo a libertar os negros da escravidão. A grande questão que foi logo posta em foco era: para onde vão os negros que toda vida foram escravos e toda a vida foram escurraçados pelos brancos? Vão ter os mesmos direitos? O senhor que antes podia bater em um negro agora tem que passar na rua e cumprimentá-l0 como cidadão?
Logicamente que as elites não se renderiam a um papel que até então era considerado como vergonhoso e totalmente atípico nas camadas sociais que tinham poder econômico e social. O que aconteceu aos negros nós vemos até hoje, foi uma falta de política do estado de assistência social aos negros que agora eram libertos e com isso os negros continuaram a ser escravos de seus antigos senhores que lhe pagavam salários os menores possíveis por seu trabalho. E esse enredo nós vemos desenrolar até hoje.
Esse fato pode ser comparado com os setores que hoje defendem a união estável entre duas pessoas do mesmo sexo. A candidata Marina Silva propôs até mesmo um plebiscito sobre a questão. Tais atitudes por mais que venham revestidas de boa intenção, em seu âmago encontramos justamente a falta de interesse das autoridades na questão. Em uma sociedade onde as igrejas mantém um monopólio do pensamneto ainda, um plebiscito teria apenas a função de passar ao povo a ideia de que o homossexualismo não pode ser aceito. É uma boa jogada, ao invés de o governo dizer que não apóia o casamento homoafetivo ele dá essa função ao povo. E por mais que o próprio governo tomasse a frente no assunto e dissesse que aprova, estaria apenas fazendo como a princesa Isabel, "tapando o sol com a peneira". Não é o caso de dizer que aprovar a união estável seria inválida, mas deve-se ver a questão de forma mais problematizada. Se o governo não toma parte e não cria políticas devidas para que os gays possam se afriamar na sociedade, o que aconteceria seria o crescimento do assassinato de gays, a perda de espaço nos locais de trabalho, a perda de espaços públicos, entre outros.
A aprovação de uma lei tão progressista como essa deve vir acompanhada de uma segurança governamental as pessoas que precisam aderir a tal lei, caso contrário ela seria só mais uma lei "para inglês ver" como fez a saudosa "Isabé"...

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